segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Chega de mais ou menos. Vamos fazer da vida a festa: vamos festejar

Nada de mais ou menos. Nada de morno. Nada de “é o que tem pra hoje” ou “se não tem tu, vai tu mesmo”. Eu sei o que é melhor pra mim, você sabe o que é melhor pra você e qualquer coisa que não seja isso, é perda de tempo.
Não sei você que me lê, mas eu ando cansado de ver as pessoas se contentando com o pouco que elas não gostam. Ficam se enganando todo dia, acordando mecanicamente para encarar uma vida que vivem sem querer viver.
Cada vez mais as pessoas se perdem no medo de não conseguirem ser e ter o que querem e por isso não começam o caminho que lhes levará a que sejam logo quem e o que querem. Não. Lamentam-se com um, lamentam-se com o outro, prometem que mudarão e, acaba o dia, já se preparam para começar o dia que será tudo de novo.
Com medo de não conseguirem ser felizes, as pessoas se contentam em ser tristes. Com medo de não serem amadas, as pessoas se contentam com uma vida sem amor. Com medo de não terem vida, as pessoas se contentam em lamentar o que não viveram quando chega a hora de morrer.
Um bando de gente vivendo o resto de si mesma, com um monte de energia indo embora pra qualquer lugar que não seja o inevitável do que um dia ousaram sonhar.
Chega!
Está na hora de eu, você e todo mundo assumirmos que nos queremos o melhor que podemos ser e que esse é mais do que ousamos acreditar. Por isso quero mais desafios, mais batalhas, mais brigas e mais conquistas, mais risadas, mais abraços e mais vida. Acordar no domingo sabendo que abrir os olhos não é maldição. Descobrir que já é segunda e perceber que a vida não me pune quando me dá vida, mas sim, que me premia com novas oportunidades de fazer tudo o que ainda não fiz e conquistar tudo que me será, se eu for quem me quiser.
Chega!
Amar, só se for mais. Beijar, só se for pra não parar. Ter, só se for pra repetir. Prazer, só se for mais real que ideal. Gosto, só se for de quero mais. Querer, só se for pra realizar. Mais... mais... mais... sempre mais. O que é bom não cansa e nem cobra, distrai.
Já passou da hora de recomeçar todo dia, mas o tempo que ficou já não conta. O que conta é todo o tempo que eu tenho agora. Agora é o que me há. O depois mal sei se virá. Pode até ser que chegue, mas só me interessa o que posso contar. Então quero viver, quero vida e força e coragem. E saúde para conquistar e também celebrar, porque não haveria graça na vida se ela fosse só a seriedade da conquista, sem o gozo de se festejar.
Vamos fazer da vida a (nossa) festa? Vamos festejar(!)?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O que é o beijo?

Namorados que se querem, beijam. Ficantes que se têm, beijam. Carentes que se encontram, beijam e amantes que se desejam, beijam-se.
O instante do beijo (do novo, do velho, do que não se sabe e do que se conhece) é o particular-universal de todos nós.  A hora em que o encontro dos lábios se mostra o caminho mais natural dos dois que se põe diante um do outro, é o instante da justificação da existência e de tudo para o que fomos feitos.
O beijo não precisa ser de amor para carregar todo o amor que guardamos, mas que foi feito para ser vivido e não calado.
Pus-me a procurar como outros antes de mim se referiram ao beijo. Gostei do que disse Drummond quando escreve que “o amor é grande e cabe no breve espaço de beijar” e gostai também, ainda sem conseguir definir a autoria, quando alguém disse que “O Beijo é um delicioso truque que a natureza criou para interromper a fala quando as palavras tornam-se supérfluas”. E é bem isso. O beijo é o silêncio das palavras quando chega a hora de todo o corpo falar.
Se ninguém é feliz sozinho, tenho que o beijo é o corpo falando, o corpo pedindo, o corpo revelando a ausência da outra metade que se lhe completa ou que por ele se completará. Não por um acaso, Jean Rostand, “um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido”. Mas diz o que? O desejo e o apelo pelo toque que faça o desejo, do desejo que seja paixão e pela paixão que, eventualmente, se faça amor.
O beijo é o início, o começo, é o durante que traz, a toda uma vida, o sentido exato ainda que achado nos lábios de outro.
No beijo não se pede o outro, mas dá-se a esse outro. A energia que nos sobra não é nossa, mas para o outro e é a desse outro que é a nossa. Cheios do que somos apenas de nós mesmos, ficamos doentes como que num tipo de excesso que cobra um colapso de quem não se divide. No excesso que se guarda, se morre. Mas quando descobrimos o poder de se dividir, de ser do outro, de encontrar esse outro e se encontrar NESSE outro, aí fazemos vida, vivemos vida e não corremos risco nenhum se exagerarmos na dose.

Mais amor (e mais beijo), por favor. 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Reflexão e Gratidão no dia do aniversário


Que diremos, pois, a estas coisas?
Se Deus é por nós, quem será contra nós?
(Romanos 8:31)

A certa altura dessa madrugada em que eu completo mais um aniversário, senti-me impelido – como a uma obrigação – a fazer o que chegou até ser uma rotina a um tempo no ano passado, mas que esse ano ainda não havia feito: tal qual ensinado por Jesus em Mateus, fechei a porta do meu quarto, dobrei meus joelhos e falei com Deus. Em princípio a intenção era só agradecer por tudo. Se tem uma convicção que ninguém me tira é que se ainda estou nesse mundo, se completo mais um aniversário, se estou e posso ficar em pé e me sentindo livre de maiores culpas, é porque Deus me sustentou até aqui. Em razão disso, fiz questão de me prostrar diante de quem sei que é maior do que eu para lhe agradecer por ter me cuidado, mesmo quando eu descuidava dEle e não lhe queria dar qualquer atenção.
Antes, na noite de véspera, participei de um “culto de ensino” onde realmente aprendi. Há tempos vinha alimentando meus próprios rancores a respeito do que não me convém tomar qualquer partido e isso vinha afetando não só a minha comunhão com quem está acima de mim e com os que estão em volta de mim, como também de mim para comigo mesmo. De repente, sem que tivesse razão para isso, me vi lamentando minha própria vida, dissociado que me pus do que realmente seria capaz de saciar minha sede de vida.
Enfim, enquanto agradecia a Deus por tudo quanto tenho e por todos que fazer ou fizeram parte da minha vida, desde amigos e colegas da infância cada vez mais distante, até os que se aproximaram nos anos mais próximos, enquanto agradecia e pedia pela vida do pastor que tanto prazer tenho em voltar a respeitar (enquanto instituição) e enquanto era grato pela família que tenho e por quem sempre peço proteção – e nisso fui até o tronco mais distante da minha genealogia –, fui dando conta de que, muito embora ainda tenha sonhos que se realizarão, tenho muito do que me sentir satisfeito. E se assim afirmo, o faço porque trabalho no que gosto e me sinto respeitado e reconhecido por isso, compro o que preciso e muitas vezes até mais do que preciso e posso pagar pelo que compro. Tenho pessoas que gostam de mim e gosto de gostar delas e o que mais eu poderia querer ter?
Na medida em que falava com Deus, podia sentir que apesar da atual falta de costume, Ele também tinha o que falar comigo e daí, coisa que pouco faço, mas que minha fé me permite fazer, sem qualquer razão especial, coloco três Bíblias sobre a minha cama e peço, então, para que ao abri-las, achasse ali uma mensagem que, vinda de Deus para mim, alegrasse o meu coração tão carregado, no entendimento que me viria da Sua vontade. Das três mensagens bem entendidas, a que trago e destaco nesse texto foi a que se abriu no capítulo 18 do livro de Jeremias. Essa passagem é bastante conhecida dos que tem por hábito a leitura da bíblia e se refere a uma ordem dada por Deus ao profeta e que este descesse até a casa do oleiro e observasse que enquanto esse oleiro fazia um vaso de barro, esse vaso se quebrou em suas mãos, o que levou o oleiro a fazer dele um outro vaso conforme lhe pareceu bem aos seus olhos. E, tendo isso sido visto pelo profeta, Deus pergunta à Israel: “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel”.
O recado me pareceu claro e meu coração se exultou. Oxalá seja Deus sempre o oleiro do barro que é minha vida, e me faça e me refaça sempre à sua vontade. É claro que sei que fazer um novo vaso no lugar do que se quebrou não é um processo indolor. O vaso quebrado precisa ser lançado de volta à fornalha quente para que o barro possa ser remodelado, mas quem poderá se queixar de passar pelo fogo que vem de Deus, Ele querendo te fazer melhor para uma vida que lhe agrade.
Quando chego num estágio da minha vida em que percebo que minha gratidão a Deus, não só pelo que me fez na minha vida, mas pelo que fez e faz por minha vida (aqui entenda, ter enviado Jesus Cristo para morrer pelos meus pecados e os pecados de todos nós), não posso temer me colocar nas mãos de Deus, seja para o que Ele quiser. Ele não me quererá mal e nem o mau. Antes, digo como disse Davi quando instado a escolher qual tratamento receberia de Deus pelo orgulho que se assomou ao seu coração e ele, Davi, respondeu: “...caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu. (2 Samuel 24:14).
Meu coração deseja, com sinceridade, que todos se permitissem a prova de cair nas mãos do Senhor e gozarem de sua misericórdia. Porque eu sei, de mim, o quanto dependo delas. Sei dos meus muitos pecados nesses 29 anos e penso que talvez não tenham sido ainda nem a metade do que ainda tenho pra pecar nos muitos anos que espero que Deus me tenha reservado, porque a nossa natureza – humana – é de pecar. Não tenho medo do pecado, porque sei que acho perdão na misericórdia de Deus, meu medo é viver no pecado e nele achar prazer. Antes, quero meu prazer na palavra de Deus revelada ao mundo e que muitos teimam em crer que foi alterada pelos homens, sem que entendam que esse Deus, que é grande, é todo-poderoso para preservar o que lhe é caro da intenção de quem quer que seja.
Por fim, após orar tomei a bíblia e me pus a ler o Evangelho de João a partir de seu início, um desejo antigo do meu coração. A medida que o lia, e não o li por inteiro porque a madrugada avançava e meu dia começaria bastante cedo, meu coração foi se enchendo de alegria ao ler as palavras desse Jesus que me guarda e guarda a ti também, te esperando que lhe busque e lhe dê uma chance. Foi então que a certa altura me deparo com a passagem conhecida em que Jesus se revela o Cristo a uma mulher samaritana e lhe afirma . Essa mulher, diante dos sinais de Cristo, correu à cidade e o anunciou aos demais samaritanos que aceitaram a palavra dela e foram ouvir a Jesus e acreditaram em Jesus e disseram: “Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo. (João 4:42).
Deixo um convite. Ouça você também o que Ele tem pra ti.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Último Capítulo de Amor à Vida, o beijo e as sutis mudanças de uma sociedade que é viva

Como já era de se esperar, após a cena do tal beijo gay da novela Amor à Vida, surgem várias teorias a respeito do que tal gesto representa. Desde os mais entusiasmados militantes do movimento LGBTT aos mais raivosos “religiosos” (desses que acham que Deus só é o “seu” amor e não TODO amor), cada um tem uma visão muito própria dos rumos da sociedade brasileira frente a essa (velha) nova realidade que se apresentou.
Em primeiro lugar, é preciso que se diga que não há qualquer inovação na representação de dois homens se beijando. No Cinema, no teatro, na literatura – e, principalmente, na vida real – isso é mais do que comum. Logo, afora o fato de ter ocorrido pela primeira vez numa novela da Globo, a programação mais assistida e comentada do país, não há qualquer razão para festejos ou assombramentos.
Ao contrário do que alguns defensores da “causa gay” querem acreditar, o fato de se ter transmitido o beijo entre dois homens não significa uma mudança de consciência da população brasileira ou mesmo um cala boca ao Feliciano e aos que pensam como ele. Na verdade, também ao contrário do que pensam os defensores da “causa gay”, a tolerância das pessoas não é fruto da sua militância muitas vezes ofensiva aos que não comungam de suas preferências. Hoje, se há uma maior tolerância às relações homossexuais é porque a sociedade evoluiu uma evolução por estágios autômatos e, até por isso, inevitáveis.
São raros os que enxergam a opção/orientação sexual de alguém como uma anormalidade, como algo contra a natureza. Os que assim ainda o fazem, são muito mais guiados pelo medo de se permitir pensar diferente ou até pela incapacidade de enxergarem o diferente como um igual ou mesmo, temem não serem aceitos em determinado meio que parece fomentar, se não um discurso de ódio, um discurso dissociado do amor. Ora, a partir daí, a partir dessa realidade em que se enxerga que sim, que ser “diferente é normal”, as pessoas tendem a aceitar que se não lhes diz respeito, não tem que lhes fazer mal. Se não lhes faz mal, não é da sua conta e se não é da sua conta, não têm que dar palpite no que o outro faz de sua própria vida. E é a isso que entendo que se deve o fato de aceitarem bem o casal formado pelo “Félix e o Carneirinho”. As pessoas simplesmente entendem que casais como aquele simplesmente existem.
Quanto à torcida pelo tal beijo, estou certo de que ela não diz respeito a uma mudança de mentalidade da grande parte das pessoas, com a mesma certeza que tenho de que o público não gostaria de que em toda novela houvesse gays se beijando. Aqui, temos um elemento a mais. O autor da novela, não sei se por talento ou por acaso – muito embora fique com o acaso – não obstante as incongruências de roteiro e dinâmica das personagens, conseguiu desenvolver um romance palatável entre os dois. Quem via a dupla, não se limitava ao gênero, mas ao afeto que surgia e isso, também, graças a atuações seguras dos dois atores envolvidos.
Além disso, é importante destacar a maturidade com que foi demonstrado o “núcleo gay” da novela, uma vez que se fugiu do estereótipo “da bicha louca” de outros tempos e outras novelas e se aproximou para o público a realidade que se vê na rua onde há gays e eles trabalham, vivem sua vida, são cidadãos que amam, que sonham, desejam... que sentem a vida. Quando a gente se atenta para o indivíduo como um todo, deixando de rotulá-lo como alguém que a gente define por um único critério, nos aproximamos muito mais da nossa própria humanidade, feita e refeita nas várias circunstâncias que nos fazem quem somos.
O que a novela nos proporcionou, acima de qualquer coisa, foi a possibilidade de refletirmos como nossos (pré)conceitos limitam a nossa humanidade e, se é que essa improvável redenção da personagem do Félix pode sugerir alguma coisa, é que se as pessoas forem aceitas, e amadas, e puderem viver o que são, como são, com menos ou nenhum segredo, acolhidas por quem amam e sentindo-se livres não para chocar, mas sim, para serem quem são, a vida pode sempre recomeçar e ser mais leve e cada vez melhor.
Não. Eu não acho que a sociedade mudou. Acho que a sociedade é a mesma e seus "valores" continuam os mesmos, com a diferença que eles variam a depender do público para o qual cada um "se" prega. Mas as pessoas, essas sim mudam todo dia e a reação ao último capítulo da novela prova isso. Não é manipulação, não é fim dos tempos, nem obra do "satanás". É gente entendendo que ser gente não se aprende na cartilha, mas se aprende no coração, na vida que vive e na experiência que soma. Que bom...