quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O mundo ainda é grande (pequena é a nossa forma de pensar)

O mundo “lá fora” é muito mais do que o mundo da gente.  Apesar de essa ser uma observação mais do que óbvia, algumas pessoas parecem participar de certa dificuldade de aceitar essa verdade e julgam-se no direito de julgar o mundo dos outros com base no mundo em que se prenderam a si, acreditando de forma bastante pia, que as escolhas que se fizeram deveriam servir de modelo para as escolhas que outros se farão.
Um médico não deve achar que no mundo tudo é medicina. Da mesma forma, um jurista não deve achar que o mundo é só Direito ou um religioso achar que tudo é metafísico. Assim como um matemático não pode achar que tudo é lógico ou um psicólogo achar que tudo é inconsciente, o certo é que tudo de um é nada perto de tudo do todo.
Cada indivíduo com suas próprias circunstâncias e o mundo continua. O grande barato dessa história toda está no fato de sermos diferentes e podermos achar espaço para todas as nossas diferenças. Sempre há espaço.
Vejam, as pessoas até podem ser muito parecidas, mas serem parecidas não é serem iguais, de modo que o que é bom pra um, o que serviu pra esse um, o que agrada a esse um, pode ser desprezível pro outro que viveu diferente, cresceu diferente, aprendeu diferente e, principalmente, se sonhou diferente.
Dois irmãos, mesmos pais, idades muito próximas e escolhas completamente diferentes e isso porque existem várias formas de ser alguém.
Esqueçam seus sonhos para o outro e apoiem o sonho do outro para si.
Quantos pais julgam mal seus filhos porque os filhos se quiseram diferente de seus pais? E de quem é a culpa? Dos pais é claro. Antes de acharem que sabem o que é melhor pro filho, deveriam procurar entender o que filho sonha pra si e ao invés de desestimulá-lo, ensiná-lo o quanto é possível viver bem simplesmente vivendo bem e não tendo que ser “alguém”.
A ditadura do sucesso obnubila os futuros. Estabilidade, bom salário, boa posição e muitas vezes infartos precoces, depressões mais e mais fortes e uma miséria interior que parece sem razão. Ao mesmo tempo, aquele que juntou menos, se disciplinou menos, está vivendo mais, amando mais, sentindo mais e se permitindo até ser mal entendido por quem acha que o que vale é o que se ajunta e não o que se soma.
Há espaço para todas as diferenças, todas as profissões, todos os sonhos, todas as vontades, tudo o que for – socialmente – entendido como bom. E até pra outras escolhas.
E não nos façamos reféns do nosso medo de errar e nem inseguros pela crítica de quem nos quis dominar. Antes, permitamo-nos mandar às favas o passado e suas companhias quantas vezes seja preciso, recomeçando de novo e de novo, sempre vivendo quantas vidas forem possíveis em uma vida, não nos preocupando com a próxima que não se sabe e que ainda não há, mas com a única que por algum tempo ainda haverá.
Não nos queiramos modelos. Não sejamos quem impõe, mas quem facilita; não quem sufoca, mas quem apoia; não quem desanima, mas que estimula; não quem nega, mas sim, quem sabe o valor e a importância de se ouvir e se dizer sim.

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