segunda-feira, 16 de junho de 2014

Tantos eus calados (ou a dor de morrer sem ser ou viver)

Olhos insones, no escuro, abertos, procuram o céu
Vêem apenas o teto em que não há vida ou luz.
Janelas fechadas, cortinas fechadas, portas fechadas
A alma também... e calada.
Sou meu próprio túmulo encerrado em meu túmulo que, com espaço, protege o mundo de mim.
A um só tempo (ou são todos os tempos?), dentro de um espaço menor que a dor de se ser
Morrem-me - morro-me! - aos poucos nas vidas que ousaram sentir diferente,
Ousaram querer, ousaram sonhar,
Mas precisam morrer, embora resistam e peçam "viver"!

Vivo! - mas dentro do túmulo que sou
Dentro da tumba que guarda o túmulo que me encerra
Dentro desse espaço que me abriga e que eu abrigo,
Que eu mostro, mas que me esconde e me tem
Mas que me esquece e me tranca (me tranco)
Passa, corre, descobre e gosta do que já não vai mais lembrar
E que será outro eu, talvez até com meu nome, outro homem destinado a não ser
Apenas se ser...
Só ser até deixar de ser sem nuca ter sido e partir e perder
Dentro do túmulo que é e abriga, que esconde e encerra
Mais um hospede futuro do mundo que é meu mundo
Em meio de um mundo indiferente à tantas faltas de tantos "eus"...


(madrugada de 16/06/2014 - 4 a.m.)

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