Essa noite eu sonhei que lia a
Bíblia. E lia mesmo. É claro que eu não conheço a Bíblia inteira para poder
sonhar que estava lendo e, no sonho, estar lendo um trecho preciso do texto. No
sonho que sonhei o texto que lia foi de um trecho que, ao meu modo, eu mesmo
criei.
Vale dizer que meu domingo por
uma série de fatores foi bastante melancólico e triste por ter passado
todo um feriado que se quer santo sem me ocupar de refletir no que ele
significa. Triste por ter bebido mais do que devia quando havia feito o compromisso comigo mesmo
de não tornar a fazer. Triste por ter deixado quem gosta de mim triste. Assim,
ontem, ao me dar conta de estar triste por causa de mim e das minhas escolhas,
tentava “me curar” entre momentos de reflexão e oração.
Nessas orações que duravam o
tempo do próximo cochilo, vinha me queixando de estar procurando pouco a esse
Deus que nunca deixou de olhar por mim e que me incomoda(va) o fato de não
saber dar reciprocidade a um cuidado sem o qual eu já não seria e nem haveria. Pedia
então certo sinal de que minha oração era ouvida de modo a saber que haveria
ajuda naquilo que eu considero que precise mudar.
No sonho, eu abria a Bíblia no
livro de Mateus. Num primeiro momento abri no sermão da Montanha. Esse, por
conhecer com certa riqueza de detalhes, até poderia ter “lido enquanto sonhava”,
mas ao abrir no Sermão da Montanha folheei a Bíblia algumas páginas atrás e me deparei
com uma história que não existe lá, mas que poderia ter havido e vou narrar.
A história se passava num
período posterior àquele em que Jesus transformou a água em vinho num casamento
em Caná da Galileia. Lá se narrava que enquanto Jesus caminhava pelo deserto avistou
uma mulher sentada a contemplar uma árvore enorme e bonita com muitos frutos
também bonitos.
As folhas dessa árvore eram em
forma de setas como se a indicar um caminho e a mulher, apesar de fraca,
parecia bastante admirada com a imagem.
(enquanto eu ia “lendo” no
sonho, ia se formando pra mim, como que num mosaico, as imagens daquilo que
lia).
Jesus então se aproximava
daquela mulher e lhe perguntava o porquê de ela estar ali, sentada sozinha,
olhando para aquela árvore ainda que a própria árvore indica-se um caminho.
A mulher sem saber de quem se
tratava disse que estava ali sentada esperando que tivesse fome, porque aquela
árvore tinha tantos frutos e era tão bonita que lhe serviria para sempre. Bastava
que ela precisasse, estenderia a mão, comeria e poderia continuar onde já
estava.
Jesus a olhava enternecido e
disse-lhe:
“Pois em verdade te digo que é
bom que te vás daqui tão logo, porque virá uma grande fome por seis anos e essa
árvore secará e só os prudentes, que ouvirem essas palavras, sobreviverão: não
há sede que o Pai não sacie e nem há fome que Ele não dê fim.”
Jesus, então, pôs-se a
explicar àquela mulher que os belos frutos que ela via não durariam muito e que
logo se secariam e ela não teria o que comer. No que a mulher se pôs a chorar e
disse: “Há outro motivo que me faz não poder sair daqui. Há dias que sangro de
uma ferida que não sara e já não tenho forças para me mover. A esperança que
tinha era nos frutos dessa árvore que me manteriam saciada enquanto houvesse
vida. Agora, pelo que me diz, pouco me resta de mim mesma.”
Nessa mesma hora Jesus lhe
dirige um olhar de amor e lhe diz: “pois não percebeste que assim que cheguei
não sangraste mais?”
A mulher então olha para si e
nota que a ferida se fechara, ficando uma pequena cicatriz, mas nenhum sangue.
Assombrada ela pergunta a Jesus se ele era algum profeta e como ele fizera tal
milagre.
Jesus a olhando com a mesma
ternura, agora sentado sob a árvore, suas costas encostadas no seu tronco lhe
diz: “não fui eu quem te fiz nada. Orei ao Pai e porque Lhe pedi, Ele te curou.
Em tudo que quiseres e pedires e for bom, assim como Ele me ouviu, Ele também
te ouvirá”.
Jesus disse a mulher que
seguisse e espalhasse a boa nova. Haveria fome em Israel, mas aqueles que
conhecessem a palavra que Ele pregava não sofreriam por aquele mal.
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Da hora que acordei desse sonho,
fiquei pensando nos vários significados ali.
Aquela mulher estava sob uma
árvore e essa árvore lhe indicava um caminho, mas mesmo assim, preferia se
valer dos frutos daquela árvore que lhe pareciam bonitos e suficientes para o
tempo que julgava ter. Ela estava preocupada com o seu agora. E só com o seu
agora. Confiava, pela beleza da árvore e dos frutos, que tinha ali tudo o que
precisava para si e que, aquilo sim, é que era bom. Quando Jesus lhe diz que os
frutos daquela árvore se secariam tão logo, ela entra em desespero por ter
lançado nela toda sua esperança, não tendo onde mais se valer.
E daí me ocorreu: quantos e mais
quantos de nós estamos parados no mesmo lugar errado, apostando o tempo que
temos, por causa da beleza do que vemos agora, pouco preocupados com o que nos
virá no depois?
Quantos e quantos de nós
preferimos confiar em nós mesmos ou nos outros, como se nos bastássemos em
todas as nossas necessidades quando, a simples frugalidade da nossa vida já nos
deveria ensinar-nos o quanto somos pouco para tudo?
A vida de agora parece tão
bonita, tão perfeita que não reconhecemos a Jesus enquanto a necessidade não
bate a nossa porta. De repente nos comovemos num fim de semana em que se
celebra seu sacrifício e sua ressurreição como parte do plano de salvação do
homem, mas chega a segunda-feira e nos vemos, novamente, parados sob a mesma
árvore bonita, de grandes folhas bonitas, todo o nosso tempo, apostando toda
nossa vida.
A árvore que aquela mulher
contemplava era em formato de seta. Dizia que ela deveria seguir adiante,
procurar o melhor caminho, mas ela achava que ali estava bom. E vem outro
questionamento: quantos e quantos de nós ouvimos diariamente sobre um melhor e
diferente caminho que nos é apontado, mas preferimos nos fiar no que parece
bonito agora? Para quantos e tantos é muito mais difícil acreditar no amor de
Cristo que não falha e só quer o bem do que no homem que é falho?
A árvore que dá bons frutos no
agora não é melhor do que a árvore da vida que dá seus frutos na eternidade.
De repente, diante da notícia de
que não haveria mais frutos naquela árvore e que uma grande fome viria para
aquela região, a mulher se desespera porque não havia nela mais forças para
seguir adiante. Jesus então, tomado do amor que lhe fez dar a vida por todos os
homens e mulheres, senta ao seu lado e lhe mostra que diante do amor de Deus,
sempre pronto para ouvir e ajudar a seus filhos, forças não lhe faltariam.
Ela se vê curada, recobrada em
forças, pronta para seguir o melhor caminho que é o caminho que leva ao amor de
Deus através das palavras de Jesus, essas mesmas que lhe disseram: “Em tudo que
quiseres e pedires e for bom, assim como Ele me ouviu, Ele também te ouvirá”.
Será que já não passou da hora de
ouvirmos a voz e a mensagem de Cristo e nos voltarmos mais a Deus?
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Fui reler os trechos da Bíblia que seriam os corretos se, no sonho, eu tivesse aberto a Bíblia como ela é e eles seriam:
Mat. 2:6 E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu povo de Israel.
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Fui reler os trechos da Bíblia que seriam os corretos se, no sonho, eu tivesse aberto a Bíblia como ela é e eles seriam:
Mat. 2:6 E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu povo de Israel.
Mat. 5:16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Um comentário:
Me diz tanto seu texto! Peço licençca para, no meu entender, resumir seu texto numa palavra, que embora minúscula, possui um significado grandioso: FÉ!!!! Como nos falta a fé! Parabéns!
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